Enlace quente

Envolvo-te
Lanço-te os braços
Os dedos cruzam-se
Firmam o enlace quente

O tremor terno
As pulsações síncronas
O olhar paralelo
Colam-nos

E ficar assim,
para sempre,
bastaria…

.

Paulo Marques, 26fev07

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(porque acredito que a amizade é alimento suficiente para uma vida feliz, embora insossa, se nos faltar a paixão/amor que tanto nos atormenta e irracionaliza o mundo das emoções)

Amor.Permeável

És como um engano
Que surge mascarado, colorido

Ofereces-me um amor (impermeável)
Como oferenda divina, eterna

Amor
[ Duradouro
[ Intemporal
[ Fortificado
[ Vitaminado
Amor

Mas a realidade cai, e parte-se
Os pedacinhos que se espalham
Cravam-se uniformemente em mim
O amor revela-se permeável

Amor
[ Apressado
[ Temporal
[ Enfraquecido
[ Infectado
Amor

Paulo Marques, 26fev07

Exercício Oco

Como veludo, de cor doce
Num percorrer que imagino
Num minuto cheio, que fosse
Num corpo que não domino

Mas que desejo, em delírio
Num espaço vazio, mas quente
Num doloroso e pesado martírio
Num exercício oco da minha mente

Paulo Marques, 26fev2007

Eis a grande verdade:

"A amizade é uma alma com dois corpos "
_Aristóteles

Eu não me esqueci que...

...ontem se completaram 20 anos que o Zéca Afonso prolongou a sua existência, entrando no mundo ideal da Utopia (quero acreditar assim!), onde os abraços solidários e a luta por um mundo melhor para todos é real. Aqui não é, não se consegue, há demasiados pauzinhos na engrenagem (como canta o José Mário Branco). Mas há que lutar.

Estou neste momento a trabalhar, estou em Guimarães no Centro Cultural Vila Flor, e na foto abaixo tirada pelo meu telemóvel verão um ensaio a decorrer do projecto MAIO MADURO MAIO, com o Rui Júnior, António José Martins, Amélia Muge, João Afonso e José Mário Branco...Que previlégio tenho eu! Estar aqui, com eles a trabalhar, a homenagear o Zéca.

Fica um cheirinho do que se ouvirá esta noite por aqui. Grandes músicas, que oiço desde criança, com imenso agrado, respeito e extraordinária admiração! Estas músicas são, para mim, Tratados...

UTOPIA

"cidade,

sem muros nem ameias

gente igual por dentro

gente igual por fora

onde a folha da palma

afaga a cantaria

cidade do homem

não do lobo, mas irmão

capital da alegria

.

braço que dormes

nos braços do rio

toma o fruto da terra

é teu, a ti o deves

lança o teu desafio

.

homem que olhas nos olhos

que não negas o sorriso,

a palavra forte e justa

homem para quem

o nada disto custa

será que existe

lá para os lados do Oriente

este rio, este rumo, esta gaivota

que outro fumo

deverei seguir na minha rota?"

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Letra e música de Zeca Afonso

In, "Como se fora seu filho", 1983

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Ouvir esta música é renovar a esperança que todos os dias se tenta apaziguar em mim, por tudo o que me rodeia, este País que desilude, as pessoas que baixam os braços, os políticos que brincam com o nosso futuro, a facilidade com que se oprime o próximo, etc, etc...

Um vínculo íntegro...

Nem sei como os nosso feitios casaram. Mas lá casaram.

No meio das tricas, do trabalho que era preciso ser feito, o teu feitio conciliava tudo e todos. Bem me lembro das noitadas, onde era preciso encher os camarins da Expo 98. Grandes meses aqueles. Eramos os "das tabelas". Lembro-me do teu espírito, que até hoje, até há momentos inclusivé quando saiste pela porta, era e é positivo, sempre apontado para cima.

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E, de repente, são quase 10 anos a trabalhar lado a lado. Hoje tomei consciência que esse elo se vai quebrar. Eu sei que a amizade continuará, não poderá ser de outra maneira... Mas custa-me tanto perceber que haverão segundas-feiras que não te verei, muitos telefonemas sem te ter do outro lado, haverão momentos que não te tenho para me aturares as birras... Percebi que afinal acordei sobressaltado pelo dia que chegava, onde estaria frente-a-frente com a AMIGA com quem tenho trabalhado nos ultimos 9 anos, com a consciência de que estamos prestes a separarmo-nos, ainda que só profissionalmente. Foram muitos dias lado a lado.

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Lembro-me de algo que se calhar não te contei. A nossa directora de Logística, tu sabes quem, a dado momento pede-me um nome, para subir na hierarquia, tu sabes quando, e eu disse-lhe o teu nome no segundo seguinte. Ela perguntou, porquê e eu disse-lhe nos olhos: por tudo. Ela não perguntou mais nada e assim aconteceu, há 9 anos.

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Tu sabes quanto isto me custa. E embora ainda falte algum tempo (e amanhã cá estaremos) , é a decisão que me adianta o pranto.

Deixo-te aqui estas linhas, porque não as consigo dizer directamente, não por vergonha, mas porque felizmente os dedos não se deixam embargar e não soluçam.

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Tivemos, temos e teremos um vínculo íntegro, impregnado de uma grande amizade, acima de tudo.

Gosto muito de ti A.

És uma excelente pessoa.

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Adoro-te.

O desejo de estar enganado.

Hoje acordei às 4h30 da manhã. Não me perguntem porquê. Acordei com o coração galopante, uma sensação horrível de algo estar mal... Não sou muito disto, destes momentos que se pensam premonitórios, mas neste momento são 8h32, já passaram 4 horas, e ainda não consegui dormir porque sinto-me inquieto. Espero que esteja tudo bem com todos os que me são queridos...

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(no entanto o coração bate, bate, bate...)

SIM!

Votarei sim, sem escrever aqui todas as justificações que sustentam a minha posição. Não o faço porque seria muito extenso. Segui muitos debates, li muitas opiniões, ouvi e debati com muitos amigos, esclareci, aprendi, desiludi-me, entusiasmei-me, espantei-me e até me emocionei com algumas coisas. Há muita argumentação contrária à minha posição, umas válidas e outras não, mas como sou eu que decido, bastam-me as minhas convicções. Votarei SIM!

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Por favor, qualquer que seja a tua decisão, vota!!!