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os teus braços, como raízes, terrosos, puxam-me para o escuro num vazio tão puro de silêncios tenebrosos

os teus braços não se vêm mas desaguam por mim adentro, atingem o meu centro, contaminas-me

os teus braços enlaçam-se numa ternura cortante, golpeando e imiscuindo-se nas entranhas

os teus braços afastam-me de tudo, isolam-me de todos e esconjuro em vão, o teu nome, solidão.

amor entrelaçado

entrelaçam-se os dedos,
entrelaçam-se os corpos,
entrelaçam-se os corações,
entrelaçam-se os sentidos,

tristes os que condenam e não vivem o amor que brota naturalmente sem racionalismos e sem imposições moralistas e socialmente definidas. eu assisto de perto, vejo os seus olhos brilhantes, os anseios dos reencontros, os momentos vividos e saboreados até ao ultimo segundo, a felicidade instalada, o amor que se solidifica e se esperguiça de prazer e conforto, aninhado por duas pessoas que se desejam e planificam a possibilidade de um futuro muito feliz. eu quero que isso aconteça, eu quero continuar a assistir de perto e ser "vítima" do positivismo que irradiam, que me atinge e que me deixa também feliz. adoro-vos muito e sejam felizes. ponto!

Se há coisa que me custa...

...é ter um domingo pela frente, frio e chuvoso, e não poder passá-lo com alguém, aninhado em frente à lareira que tenho e que nunca foi partilhada por mim e com alguém que me correspondesse no gostar. Torna-se pior quando olho a TV, entretanto, e fico rendido a todos os filmes lamechas que passem nesse dia, e sentir-me longe de tudo e todos.

Quando pensei mudar-me para onde vivo agora também nunca pensei que o caminho daqui para "lá" fosse muito mais curto do que de "lá" para cá. Os metros são os mesmos, a vontade é que talvez seja diferente. São pensamentos como estes que escorrem como as gotas lá fora nos vidros. A ânsia que receber uma chamada que nos diz "vou ai ter contigo, pode ser?", "gostava de passar ai a tarde contigo, ver um filme, conversarmos, que achas?", "olha, para variar vou eu ter ai e passamos uma tarde calma que tal?"... a sensação é que estou a anos luz de tal. Resta-me preparar algo para comer, sem qualquer vontade, tomar banho, averiguar eu mais uma vez se alguém quer tomar um café comigo, sair e fazer o percurso mais curto, ou seja, daqui para "lá". E "lá" é qualquer lugar.